Círio 2019 – A fé está nas ruas de Belém

Começaram  às celebrações do 226º Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a mais tradicional festa religiosa do Pará e uma das maiores procissões do mundo católico. Ao longo das 13 romarias que incluí a grande procissão do próximo domingo, mais de 2 milhões de pessoas estarão nas ruas demonstrando, renovando e agradecendo a fé em Nossa Senhora. Mas além do caráter religioso, o evento é o ponto alto do turismo local, movimentando a economia da região metropolitana de Belém com a chegada de 83 mil turistas à capital paraense.

Na manhã de hoje, o traslado para o município de Ananindeua iniciou a primeira romaria conduzindo a  imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré por três municípios da região metropolitana de Belém.  Ao longo dos 50 quilômetros percorridos, as demonstrações de fé, solitárias ou grandiosas, se multiplicam pelas ruas percorridas pelo cortejo. A emoção dos fieis é inevitável.

Falar do Círio sempre envolve grandiosidade. Somente no dia de hoje o público estimado pelo DIEESE e a Diretoria da Festa de Nazaré, que  acompanha a passagem da imagem, é de 1,3 milhões de pessoas. Na procissão de domingo o número de participantes duplica.

Tradição – Já são mais de dois séculos de uma devoção que mobiliza a fé de milhares de paraenses e turistas que vêm de todo o país e também do exterior para conhecer e participar do Círio. Desde o ano de 1700, no momento que o caboclo Plácido encontrou a pequena imagem de madeira, no igarapé Murutucu, ninguém poderia vislumbrar a dimensão do que se tornaria aquele achado. Mas oficialmente o primeiro Círio ocorreu apenas em 1793.

Ao longo das décadas, além da procissão principal, a Trasladação e o Recírio, que encerra as festividades, outras 10 romarias foram acrescidas a programação oficial do Círio. No sábado acontece a Romaria Rodoviária, seguida da Romaria Fluvial e a Moto Romaria, que conduz a imagem peregrina de volta a Basílica de Nazaré.

Romarias – Na tarde do sábado inicia a Trasladação, onde a imagem é conduzida na berlinda pelas ruas do centro de Belém numa bela procissão iluminada por velas até a Catedral da Sé, no bairro da Cidade Velha. Pela manhã, após a missa dominical, a procissão tem início. A participação da população impressiona pelas homenagens ao longo do trajeto e atos de fé, pagamento de promessas e graças alcançadas pelos fieis.

Além das três principais romarias, ocorrem o Transporte dos Carros dos Milagres, a Cicloromaria, a Romaria da Juventude, Romaria das Crianças, Romaria dos Corredores, a Procissão da Festa, encerrando com o Recírio.

A corda – Outro símbolo da fé e devoção à Maria é a corda, onde os devotos pagam promessas alcançadas e milagres atribuídas a santinha. Mas um fato inusitado deu início a essa tradição. Em 1885, uma enchente alagou a orla da feira do Ver-o-peso e parte da rua das Mercês. Na tentativa de seguir com a berlinda, está acabou atolando e nem mesmo os cavalos conseguiram movê-la. Um comerciante emprestou uma corda, os animais desatrelados da berlinda, e após amarrarem a corda os fieis começaram a puxar conseguindo liberar o veículo. Desde então, a corda passou a fazer parte da celebração do Círio.

Economia – Como já foi citado, o Círio movimenta muito mais que a fé dos paraenses. A expectativa do Dieese-PA, a chegada de cerca de 83 mil turistas deve movimentar em torno de 1 bilhão de reais na economia local. O setor hoteleiro comemorou os 100% de ocupação, assim como restaurantes, vendedores ambulantes e artesanato, entre outros. É sem dúvida alguma o Natal antecipado para os paraenses.

 

Texto: Márcio Souza Cruz